com a palavra

Artesã de Santa Maria fala sobre sua trajetória no tradicionalismo

Joyce Noronha

Natural de Santa Maria, a artesã Cledimara Ferreira Cecchin, 56 anos, cresceu em meio a vestidos de prenda, pilchas, arranjos de cabelos e com muito chimarrão. Mas garante que a tradição gaúcha, a qual estuda desde a infância, é muito mais que do que aparências e vestidos luxuosos. Para ela, o tradicionalismo é um estilo de vida, que aprendeu com os pais, a enfermeira e costureira Vergilina dos Reis Ferreira e o ferroviário Osmar Costa Ferreira.

A artesã é casada há 36 anos com o militar aposentado Heuler Dalla Lana Cecchin, com quem teve Heuler e Helder. Além dos meninos, Branca diz ter a "filha do coração", Tayane. Descreve os netos, Lorenzo, Luigi e um que ainda está por nascer, como "tesouros".

Diário de Santa Maria - Como recebeu o apelido "Branca"?
Cledimara Ferreira Cecchin -
Este apelido foi minha vó materna que me deu. Amo ele! Tanto que assino meu nome e coloco ao lado: "Branca". Ainda mais quando sou chamada carinhosamente pelos filhos do coração, que a caminhada tradicionalista me deu, de "tia Branca"! 

Diário - A senhora participa do Movimento Tradicionalista. Quando começou?
Cledimara -
Comecei no colo do meu pai. Acompanhávamos minha irmã nos ensaios. Participávamos dos desfiles da Semana Farroupilha. Sempre estudei sobre o movimento e hoje posso afirmar que faz parte da minha vida. Estou à frente do Departamento Cultural do CTG Farroupilhas há mais ou menos 12 anos, fui posteira das invernadas mirim, juvenil e adulta. Danço na invernada Xirú há 10 anos, esta da qual tenho muito orgulho. Acredito que a ética deve prevalecer para que possamos colher bons frutos. O tradicionalismo entra no sangue e enraíza na alma. 

Diário - O que é ser posteira?
Cledimara -
Posteira é o encarregado ou encarregada de planejar a rotina da invernada, como os materiais artísticos, as finanças da invernada, porque temos gastos com pilchas, rodeios, vocal, instrutor... Somos "um pouco de tudo". Tenho muito orgulho de ter sido posteira das invernadas. Muitas destas crianças, hoje são grandes profissionais, constituíram famílias e me sinto feliz em saber que fiz parte da história de vida deles, que até hoje me tratam com carinho e respeito. 

Diário - Para você, o que é ser tradicionalista?
Cledimara -
Tradicionalista é aquele que pugna pela conservação das ideias e valores morais transmitidos de geração em geração, ao longo da nossa bela história rio-grandense. Tradicionalista é uma pessoa que preza as tradições sem ser retrógrado, nem saudosista.  


Fotos: Arquivo pessoal/ Com o marido, Heuler, em desfile de 20 de setembro, e com a,então, prenda mirim do CTG Farroupilha, Mariele Bica

Diário - A senhora participa de um projeto com pessoas com Síndrome de Down. Como começou?
Cledimara -
Iniciou com a invernada adulta em 2007 ou 2008 para irem para o ENART (Encontro de Arte e Tradição), que é definido como maior festival de folclore amador da América Latina e tem por finalidade a preservação, valorização e divulgação das artes da tradição e cultura popular do Rio Grande do Sul. A invernada adulta precisava realizar este projeto e acompanhei alguns componentes. Me apaixonei pelo trabalho! Desde então, eu e o meu marido, às vezes com auxílio de alguns dançarinos, orientamos as crianças e alguns pais que participam. E não são só os momentos para ensinar, mas para confraternização. É muito gratificante ver o amor puro e verdadeiro deles que nos é transmitido. Quero poder ter uma invernada de inclusão social. É muito amor! 

Diário - A senhora falou no seu marido, como se conheceram e há quanto estão juntos?
Cledimara -
Heuler e eu estamos casados há 36 anos. Nossas famílias eram amigas e com o tempo nos aproximamos. Nossa amizade sempre foi verdadeira e o tempo nos mostrou o amor. Ele pediu para namorar, esperamos mais um tempo para vermos se realmente era o que queríamos e contamos para a família. Construímos nossa casa e um ano depois nos casamos. A amizade foi fundamental, pois costumo dizer que meu marido é meu melhor amigo. Gostamos das mesmas coisas: dançar, viajar, natureza... E com a gente é nossa família em primeiro lugar. 

Diário - E vocês têm filhos?
Cledimara -
Temos dois filhos: Heuler, de 33 anos, que é fisiculturista e professor Educação Física, e Helder, de 29, que é comerciário. E a filha do coração, Tayane. 

Diário - Como assim, filha de coração?
Cledimara -
Tayane é filha do meu irmão mais velho. Ele era um pai extremamente amoroso. Era militar. Estava chegando em casa e percebeu um movimento diferente na calçada, quando recebeu um tiro. Dias depois, morreu. Meu irmão sempre pedia que cuidasse da "Gringa" - ele a chamava assim carinhosamente. Tayane tinha apenas 6 anos na época. Hoje está com 24, é estudante e casada com um militar. Tem um filho, o Lorenzo, e está esperando outro menino, para abril. Foi prenda mirim, juvenil e adulta no CTG Farroupilhas e do departamento jovem. Além desses netinhos, também tem o Luigi, de 8 anos, do meu filho Helder. Costumo dizer que são os meus tesouros. 

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